Adoção no Brasil: entenda como funciona o processo
Trouxemos mais uma entrevista, com relato de uma família formada por meio da adoção. Como se preparar e conhecer as experiências de outras famílias encoraja, motiva e apoia o desenvolvimento de novas famílias.
Hoje entrevistamos o papai Daniel Silvestre, bancário, formado em Ciências Contábeis, Pós-Graduado em Gestão de Recursos Humanos e atualmente é aluno do 6º semestre de Psicologia. Ele é casado (com o também bancário Wilton), é pai do Isaac (11 anos) e do Kevin (8 anos) e também é pai de pet, das pugs Luna e Malu. Daniel trouxe sua experiência em adoção e desmistifica o processo que, em alguns casos, pode ser um período longo, mas que faz parte da jornada de preparação. A adoção é um momento de planejamento e dedicação para ampliação do amor e carinho de uma família em expansão.
BB Seguros: Daniel, que alegria ter você conosco e obrigado por compartilhar sua história. Conta para nós como foi a decisão de se tornar pai.
Daniel: Esse era um sonho do meu marido. Estamos juntos há 16 anos e eu sempre soube que ele queria ser pai. Com o tempo, conversas, fui me acostumando. A ideia que era dele, virou nossa. Nesse momento, demos entrada no processo de adoção, em outubro/16.
Saúde animal: cuidar do seu pet pode ser fácil e barato
BB Seguros: E o processo de adoção em si, como é? É demorado e burocrático?
Daniel: Ele é um processo necessário. A divisão pode ser descrita em 3 momentos: a espera pela habilitação, a espera da criança depois de cadastrado no SNA (Sistema Nacional de Adoção) e adoção em si. Nossa habilitação demorou 1 ano e 2 meses e durante esse período nos preparamos financeiramente, emocionalmente e estudamos bastante sobre o tema. Depois de habilitados, ficamos 37 dias na fila de espera. Nosso perfil era de até 2 crianças e de até 8 anos. No dia 23/01/18 recebemos a (tão esperada) ligação da Vara da Infância avisando que nossos filhos nasceram pra nós.
BB Seguros: Que alegria essa ligação. E como foi conhecê-los? Vê-los pela primeira vez deve ter sido extremamente emocionante, não é mesmo?
Daniel: Realmente é um momento incrível e inesquecível, mas vale ressaltar que naquele dia éramos desconhecidos e mesmo com o nosso desejo de sermos pais e o deles, de serem filhos, nossos sentimentos eram um mix de responsabilidade e insegurança. O amor começou naquele dia e foi construído ao longo de nossa convivência, com a consolidação da nossa segurança e responsabilidade por aquelas duas crianças.
BB Seguros: Qual era a idade deles? E mesmo com toda a preparação que vocês conseguiram ter, havia algum medo na paternidade?
Daniel: Os meninos chegaram com 8, Isaac e 5 anos, Kevin. Nós tínhamos alguns medos sim, principalmente por sermos uma família homoafetiva, mas vimos, ao longo do tempo, que essa era só mais uma característica e que como LGBTQIA+s, nosso desafio era/é prepará-los para a vida e como vencer preconceitos. Transformamos nossos medos em argumentos de igualdade, respeito e amor ao próximo.
BB Seguros: E a adaptação, como foi? Os primeiros dias na escola, os amigos, a integração com a família, conta pra gente como foi esse momento de união.
Daniel: Foi mais tranquilo do que imaginávamos. No primeiro dia de aula fomos conversar com os professores, contamos um pouco da nossa história e pedimos apoio para que os ajudassem a se relacionar com os novos amigos. Correu tudo bem, principalmente por serem bons alunos e mesmo com a timidez inicial, fizeram muitos amigos. Já em nossa família a gente acredita que tenha sido tão especial quanto. Eles ganharam uma porção de tios e primos, além dos avós e tanto eles, quanto nossos familiares os receberam com muito amor e alegria. Eu diria que foi amor à primeira vista. Temos amigos, que conhecemos na jornada da adoção, que nos dão bastante apoio e suporte. É muito importante, para nossos filhos, termos amigos com a mesma formação familiar que a nossa (adoção). Isso os faz felizes, com sentimento de pertencimento e eles se sentem representados em nosso círculo de amizades.
Leia mais: 7 informações que você precisa saber sobre licença-paternidade
BB Seguros: Vocês têm duas cachorras, certo? Essa relação trouxe benefícios para a paternidade? E como é a relação das crianças com elas?
Daniel: A gente diz que nosso estágio como pais, foi com elas. As responsabilidades com horários para alimentação, cuidados de higiene e com a saúde de nossas pets foram muito importantes para a dinâmica, muito maior e desafiadora, que viria depois. O senso de responsabilidade com outra vida se iniciou com elas e somos muito gratos por isso. As crianças amam as meninas e cuidam muito delas. Agora, na pandemia, foi muito importante tê-las com eles, pois a gente passa uma boa parte do dia trabalhando e nem sempre conseguindo dar tanta atenção, mas as cachorras ocupam parte do dia deles. Todos se divertem muito e isso é muito bom.
BB Seguros: E pra gente finalizar, para os papais que estão pensando na adoção como via de parentalidade, como iniciar o processo?
Daniel: Primeiro passo e que para nós foi importantíssimo: busque um grupo de apoio à adoção em sua cidade. Aqui em Brasília, participamos do grupo Aconchego. Caso não tenha, converse com os técnicos da vara da infância da sua região que eles poderão indicar. Além disso, são eles que darão as orientações sobre como iniciar o processo e quais documentos devem ser apresentados. Pode parecer que é muita coisa, mas é importante para o processo e pense que já é o primeiro carinho que você está tendo com seu(s) futuro(s) filho(s). Além disso, é muito importante se preparar financeiramente. Os gastos aumentam e muito e uma boa reserva financeira vai minimizar o impacto nas contas da família. Ouvimos isso na primeira reunião que participamos do grupo de apoio à adoção e essa foi uma dica de ouro.
Voltarao Topo