As primeiras vezes

Tempo estimado de leitura: aproximadamente 3 minutos

Assuntos abordados:

– Nossas primeiras vezes

– As primeiras vezes das crianças

– Alegrias e tristezas

– Aprendizados para a vida

Minha avó sentava comigo e com os meus irmãos, pegava o jornal na seção dos classificados, que tinha um título imenso, cheio de letras, e nos ensinava uma por uma. Eu pedia para repetir aquele ritual todo santo dia. E foi com ele, martelando naquele mesmo prego o tempo todo, que aprendi a ler. Eu nunca me esqueci. É como se aquela sensação, do ler pela primeira vez, me habitasse até hoje.

Até aqui, fui a pessoa que enxerga as primeiras vezes do meu próprio ponto de vista. O primeiro dente caído, o primeiro voo de avião, o primeiro beijo, a primeira viagem em amigos, a primeira relação sexual, a primeira vez que dirigi… e por aí vai, com inúmeras experiências que tiveram um começo e suas respectivas emoções – muitas delas guardadas em potinhos abstratos especiais e separados. Mas desde a primeira vez em que pari (que certamente está no top 3 de emoções mais particulares e loucas), passei a contemplar a beleza que é ver um outro serzinho, seu, descobrir todas as coisas.

Você pode até não lembrar o dia exato, a hora em que aconteceu ou a roupa que estava vestindo, mas tenho quase certeza que você se recorda da sensação que lhe tomou por completo cada vez que seu bebê fez alguma coisa pela primeira vez. Começa pelo começo, claro: o primeiro choro. Som icônico da chegada de alguém à vida. A descarga de serotonina, adrenalina, e todas as outras “inas” é quase que indescritível.

Daí para a frente, o ciclo de coisas novas é infindável. Seu bebê vai dar os primeiros sorrisos e gargalhadas, e isso quase fará explodir o seu coração. Vai ter o primeiro jato de xixi na troca de fralda, que será um momento de desespero e gargalhadas. Ele vai comer pela primeira vez; segurar um brinquedo pela primeira vez. Ele vai engatinhar. Andar! Falar! Graças aos homens existe a tecnologia, pois poder registrar tudo isso para a eternidade me gera imensa gratidão.

É claro que nem todas as virgindades que serão perdidas trarão alegria, tanto para pais, quanto para filhos. Haverá o primeiro joelho ralado, a primeira doença, o primeiro coração partido, a primeira nota baixa. Cada momento desses terá uma carga individual mais cabisbaixa, mas ali na frente, quando chegarem aqui onde estamos, eles entenderão a importância de todas essas rupturas para nos tornar o que seremos em um futuro nem tão distante.

Pulsa agora, em minha mente, aquela frase clichê, mas que nos leva a refletir e sonhar: quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez? É nessa hora que agradeço minha pequena, pois todas as descobertas dela são também novas aventuras para mim. E que a vidinha dela siga sendo esse mar de novidades, com viagens a fazer, museus a visitar, pessoas para abraçar, livros para ler. Temos muito tempo de primeiras vezes pela frente!

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