Como o autismo se manifesta na infância?
Saiba identificar e promover o melhor tratamento para seu filho. Especialista dá dicas de como diagnosticar e lidar com o Transtorno do Espectro Autista.
O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno relacionado com o desenvolvimento neurológico, geralmente diagnosticado na infância, com os sinais iniciais evidenciados nos primeiros anos de vida. Estima-se que, em todo o mundo, 1 em cada 58 crianças tenha transtorno do espectro autista.
A criança autista apresenta quadro caracterizado por dificuldade de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos. Segundo Acilino Santos Portela, neurologista pediátrico do Hospital Brasília, os sintomas variam de acordo com a gravidade do transtorno, e as crianças podem apresentar outras condições associadas, como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
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As causas do TEA não são totalmente conhecidas. Os médicos se baseiam na predisposição genética (histórico de casos na família) e em fatores ambientais que podem interferir na qualidade da gestação: estresse, infecções, exposição a substâncias tóxicas e desequilíbrios metabólicos.
O TEA tem origem nos primeiros anos de vida, mas sua trajetória não é uniforme. Em algumas crianças, os primeiros sinais são aparentes logo no início da vida. Na maioria dos casos, no entanto, a criança apresenta um período livre de sintomas, que só são identificados entre 12 e 24 meses vida.
“O diagnóstico precoce pode permitir que a família da criança ofereça meios para melhorar sua qualidade de vida. Ao descobrir que o filho tem autismo, a melhor maneira de os pais lidarem com a situação é por meio de informações e do tratamento necessário”, afirma o médico.
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Entre os sintomas do autismo que os pais podem observar, Portela descreve:
- Comportamentos atípicos como dificuldade de sorrir
- Ddesinteresse pela expressão facial dos pais ou dos cuidadores;
- Irritabilidade no colo da mãe;
- Olhar vago ou ausente (mesmo durante as mamadas);
- Dificuldade para responder a chamados ou obedecer a comandos simples;
- Se a criança é quieta demais ou muito irritadiça (sem motivo aparente);
- Atraso na comunicação e comportamentos repetitivos;
- Indiferença à ausência dos pais ou cuidadores a partir dos 9 meses.
O nível intelectual de indivíduos com TEA é extremamente variável, podendo se estender do comprometimento profundo até o nível intelectual superior, com habilidades visuais, muita atenção a detalhes e exatidão, capacidade de memória acima da média e grande concentração em uma área de interesse específica durante um longo período.
Cada criança, dentro do espectro, vai desenvolver sintomas variados e características particulares. Como é o caso de um paciente diagnosticado com alta funcionalidade, que conseguirá ter uma vida independente, mesmo com alguns déficits provocados pelo transtorno, o que não o impedirá de estudar, trabalhar e se relacionar. Já um portador de média funcionalidade tem menor grau de independência e necessita de algum auxílio para desempenhar funções cotidianas, como tomar banho ou preparar a própria refeição. E o paciente de baixa funcionalidade vai manifestar dificuldades mais graves e costuma precisar de apoio especializado ao longo da vida.
Como é o tratamento para o autismo?
O tratamento médico logo na primeira infância é importante para promover, ao máximo, o desenvolvimento e o bem-estar da criança com transtorno do espectro autista, e o monitoramento periódico faz parte dos cuidados de rotina.
Assim que for comprovado que a criança apresenta atrasos ou desvios no desenvolvimento neuropsicomotor, ela deve ser encaminhada para avaliação e acompanhamento com médico especializado. Na maior parte dos casos, é o pediatra ou o clínico geral quem primeiro avalia a criança, mas, ao longo da vida, é necessário que o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar formada por terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos, entre outros especialistas.
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A psicoterapia tem um papel essencial no tratamento do autismo e geralmente a abordagem usada pelo psicoterapeuta envolve o controle emocional da criança, a modificação de comportamento e a resolução de problemas.
As técnicas psicoterapêuticas utilizadas com autistas geralmente observam três fases: a primeira envolve a superação do isolamento; na segunda, o terapeuta ajudará a criança a desenvolver os próprios limites e, finalmente, na terceira fase, o terapeuta vai trabalhar conflitos ou gatilhos que ocasionam o comportamento de retração na criança.
“O mais importante é que pais, médicos, profissionais de saúde, educadores e familiares estejam envolvidos no tratamento para lidar com o transtorno, sem preconceito e com informação”, orienta o médico.
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