Como falar sobre emoções com as crianças
Assim como as crianças precisam aprender sobre o mundo físico, os pais devem instruí-las quanto ao seu universo interior
Tempo estimado de leitura: aproximadamente 4 minutos
Assuntos abordados:
– Emoções
– Sentimentos
– Sensações
– Felicidade
Felicidade, medo, tristeza, vergonha, raiva e amor. Nojo, ciúme, ansiedade, animação, saudade e frustração. Essas são algumas das emoções e sentimentos que as crianças vivenciam logo nos primeiros anos de vida. E pode ser um verdadeiro desafio aprender a conviver com tantas sensações diferentes! E você, sabe como ensinar seu filho a compreender e lidar com as emoções?
Um dos pontos mais importantes desse processo é mostrar às crianças como reconhecer emoções. Sejam as suas próprias ou as dos outros, é fundamental que elas saibam como identificar sinais e aprendam, também, a lidar com o repertório emocional que irão experimentar ao longo da vida. O reconhecimento das emoções também ajuda a desenvolver uma competência fundamental: a inteligência emocional. Com ela, a futura geração se torna mais equilibrada e apta a superar os obstáculos no caminho.
Clara Freitas, especialista em disciplina positiva, trabalha auxiliando famílias a colocar em prática a educação empática, aquela que reconhece a criança como um ser único, que precisa ser ouvido, acolhido e respeitado. Ela explica sobre como conversar com os pequenos sobre o que não é visto, mas sentido, e o porquê é essencial fazê-lo.
Por que é importante falar sobre sentimentos com as crianças?
CF: Assim como elas precisam aprender sobre o mundo físico, nós devemos instruí-las quanto ao seu universo interior. E não só o delas próprias, como também o das outras pessoas ao seu redor. Apresentar as emoções para os nossos filhos fará com que eles tenham repertório para entender o que se passa dentro deles e o que acontece com seus colegas – e isso ajudará na resolução de conflitos, na tomada de decisões e na construção de novos relacionamentos.
E como conversar sobre questões emocionais?
CF: A melhor forma de ensinar sobre sentimentos para as crianças é no dia a dia, em meio à rotina. Não precisa separar um momento específico para isso, como “hoje vamos falar sobre alegria”. Desde recém-nascidos, podemos ter essas conversas, explicando que determinado choro é medo ou dor, por exemplo.
Um outro ponto relevante é, enquanto adultos, praticarmos a honestidade emocional, dizendo para as crianças como nos sentimos. Quando estamos irritados, podemos dizer “não estou bem agora, filho. Estou irritada. Preciso de um tempo”. Assim, os pequenos aprenderão a identificar e a respeitar as emoções alheias. É claro que deve haver certo cuidado para não explodir com a criança e transferir a ela a responsabilidade pelo que estamos sentindo – afinal, os adultos somos nós.
Existem diferenças na abordagem de sentimentos tidos por positivos, como amor, alegria e entusiasmo, e dos considerados negativos, como raiva, frustração e tristeza?
CF: Não acredito nisso. Todos os sentimentos são importantes e têm algo a nos dizer. Vamos pensar na raiva. Ela aparece quando algo não está legal ou quando estamos nos sentindo desrespeitados. A tristeza, por sua vez, traz certa introspecção, permitindo que nos acalmemos e voltemos nosso olhar para dentro de nós mesmos. Precisamos nomear todos eles para as crianças, sem classificá-los como bons ou ruins. O que pode ser negativo é o comportamento que temos diante de uma emoção, como bater quando estamos raivosos, mas nunca a emoção em si. Por isso devemos, além de dar nome àquilo que pulsa na gente, é preciso mostrar aos pequenos como elas podem expressar esses incômodos de maneira sadia.
Enquanto pais ou responsáveis, qual conduta deve ser evitada com as crianças?
CF: Sabe aquela história de incentivar seu filho a fazer carinho ou dar um abraço quando está bravo com alguém? Talvez essa não seja a melhor opção. Você, um adulto, gostaria que, no ápice da frustração, te proibissem de externalizar a raiva e, ao invés disso, mandassem que fizesse carinho em quem te magoou? A questão é ensinar a maneira de manifestar esses sentimentos. No caso da raiva, é inadmissível bater em alguém, mas a criança pode dar um grito em uma almofada ou amassar uma folha de papel, por exemplo.
Voltando à tristeza. Como trabalhá-la com a criança de modo que ela não evite situações que possam trazer este sentimento à tona?
CF: Quando se trata de emoções, o mais importante é o equilíbrio. A tristeza em excesso pode levar à depressão e à desistência, mas a falta da tristeza pode ser tão negativa quanto. Por isso, evite falar coisas como “não precisa ficar triste. Está tudo bem”, mas também não maximize a tristeza, dando o foco maior do que ela merece. Respeite o tempo e o momento do seu filho.
Diga que entende que ele está triste e que você está ali pronta para conversar. Depois que passar a emoção intensa, busque o diálogo. Esteja aberto à verdadeira escuta. Pergunte como ele se sentiu, se sabe dizer o que o deixou assim e o que poderia ser feito para evitar que tal situação aconteça novamente. Se possível, compartilhe uma história sua de superação, de um momento em que você sentiu que a tristeza bateu à porta e como fez para lidar com ela. Quando nos colocamos no mesmo nível de dignidade da criança, ela percebe que também é capaz.
Confira dicas para promover o desenvolvimento dessa habilidade tão importante:
Incentive a leitura
A partir da leitura, as crianças desenvolvem uma grande variedade de habilidades. Dentre elas, podemos citar a empatia e o autoconhecimento. Além disso, essa é uma ótima oportunidade para que elas possam conhecer emoções que ainda não sentiram!
Promova sessões de cinema
Além de ser uma ótima ideia de programa em família, as sessões de cinema podem ser muito educativas para os pequenos. O filme Divertidamente (2015) é um ótimo exemplo de animação que nos ensina muito sobre as emoções que carregamos dentro de nós.
Estimule a realização de tarefas diversas
Por meio de diferentes tarefas, a criança aprende a conviver com suas emoções e com a criação de expectativas. Não importa se estamos falando sobre organizar os brinquedos ou trocar a comida do cãozinho ou gatinho de estimação — tudo é válido para que o(a) pequeno(a) possa entrar em contato com novas emoções.
Permita que ela viva experiências múltiplas
Além das tarefas, é importante que a criança se veja frente a diferentes situações para, assim, ampliar o seu repertório emocional. Tudo isso sempre com supervisão e a orientação dos familiares sobre o que estão sentindo!
Estimule a independência
A autonomia da criança também deve ser trabalhada frequentemente. É importante permitir que elas corram riscos de forma segura, a fim de descobrirem os próprios limites e aprenderem a lidar com os desafios e situações adversas de maneira rápida e eficiente.
Tenha um diálogo sempre aberto
Por fim, a dica é: mantenha um bom diálogo com os seus filhos. Essa dica é fundamental em qualquer aspecto da educação e desenvolvimento infantil, sendo também muito importante para quem deseja explicar mais sobre os sentimentos para a criançada.
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* Com informações da revista Vida Simples
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Esse conteúdo exclusivo foi produzido a partir de parceria do blog Primeiros Passos com o Espichei, rede materna paterna criada em Brasília e que reúne milhares de famílias em prol de uma maternidade mais consciente, colaborativa e sustentável. Acompanhe esta iniciativa conjunta também nas redes sociais pela hashtag #espicheiprimeirospassos
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