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Não aprendi a dizer adeus

Texto autoral de uma mãe da rede Espichei

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BB Seguros

segunda-feira dezembro 13, 2021

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Tempo estimado de leitura: aproximadamente 3 minutos

 

Assuntos abordados:

– Medo da morte

– O tabu da passagem

– Crises de ansiedade

– Viver plenamente todos os dias

 

Eu nunca gostei de falar sobre a morte. Existe algo dentro de mim que se apavora de pensar que posso estar provocando-a a se mostrar. Mas desde que virei mãe, o medo dela se tornou muito maior. Porque eu não posso deixar minha filha desamparada nesse mundo. E nem ela pode me deixar de braços vazios por aqui.

O fim da vida é um tabu. Para onde vamos? Por que viemos? Ele pode acontecer depois de um longo período de anúncio, como, por exemplo, uma doença prolongada, ou pode ser repentino. A primeira opção deixa a gente naturalmente triste, claro, a ruptura da presença de alguém é difícil em qualquer circunstância. Mas essa que pega de surpresa é extremamente cruel. Sem despedida, aviso prévio. Sem chance de um último abraço. Sem adeus.

 

Há mais ou menos um ano, tive uma crise de ansiedade fortíssima. Toda aquela incerteza de pandemia, excesso de trabalho e preocupações, home office, entre outras loucuras, me levaram à emergência de um hospital. Eu estava sozinha em casa e liguei incessantemente para o meu companheiro, que estava em seu local de trabalho, dizendo que estava passando mal e precisava de ajuda profissional. Ao chegar lá, o anjo em forma de médica que me atendeu definiu exatamente o que eu sentia: uma sensação de morte iminente.

 

Eu tinha certeza de que estava tendo um troço e prestes a fazer a passagem. No caminho, dentro do carro, entre lágrimas pesadas e um pranto sofredor, pedi ao meu marido que cuidasse de nossa filha e dissesse sempre que eu a amava. Note: eu não tive medo de partir, eu tive medo de deixá-la para trás. Peço licença à autora desta frase, que li numa rede social, mas como ela disse: deveria ser proibido, por decreto celestial, que um filho crescesse sem sentir o cheiro da mãe.

 

 

 

Morrer é a única certeza que nós temos. E isso chega a doer. É como disse o poeta Braulio Bessa: “A eternidade da morte não me assusta. A brevidade da vida, sim.” A gente queria ter certeza sobre viver muito, plenamente, ter uma passagem tranquila, sem dor, com o menor sofrimento possível para aqueles que deixamos. Mas, se não podemos prever nada disso, é melhor aproveitarmos a vida ao máximo, beijarmos muito nossos filhos, abraçarmos muito quem amamos, viajarmos e conhecermos tudo que pudermos – se assim pudermos.

 

Nós vamos partir. Nossos filhos, também. Rezamos para que a cronologia siga seu ciclo natural, mas não temos controle sobre nada. Ontem à noite, enquanto minha filha me abraçava dormindo, eu pedi baixinho que eu pudesse estar sempre aqui para que os braços dela sigam me encontrando. Fui grata pelo nosso encontro na Terra e a abracei de volta com a vontade de que o tempo parasse ali. Sabendo que não é possível emperrar o relógio, eu viverei todos os dias dedicando a ela todo amor que houver nesse mundo. E que nosso tempo seja longo, muito longo, porque o amor que eu tenho é inesgotável.

 

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Esse conteúdo exclusivo foi produzido a partir de parceria do blog Primeiros Passos com o Espichei, rede materna paterna criada em Brasília e que reúne milhares de famílias em prol de uma maternidade mais consciente, colaborativa e sustentável. Acompanhe esta iniciativa conjunta também nas redes sociais pela hashtag #espicheiprimeirospassos

 

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