O tempo não para
Texto autoral de uma mãe da rede Espichei
Tempo estimado de leitura: aproximadamente 3 minutos
Assuntos abordados:
– Valorizar o tempo
– Tempo de qualidade
– Apreciar os filhos
Era 7h quando o despertador tocou. Eu deveria estar pronta até as 7h30 para chegar ao meu compromisso às 8h. Mas eu estava cansada demais. A noite anterior tinha sido ótima, rodeada de amigos, regada a cerveja, musicada ao som do melhor DJ da região. Resolvi dormir e deixar aquele dia só para o próximo mesmo. Acordei mais de meio dia com o almoço já na mesa. Comi, com um misto de leseira e dor de cabeça, mas consegui acabar e fui resolver as pendências que, como todo ser humano comum, eu tinha pra resolver. Já era quase 13h30.
Os “problemas” duraram a tarde inteira e, quando vi, já estava na hora da sagrada aula de spinning de toda quinta-feira. Corri pela casa derrubando garrafinha para um lado, tênis para o outro. Catei tudo do jeito que deu e cheguei na aula a tempo. Com um pé de meia a menos. Sai da aula, toma banho, prepara um lanche, conversa um pouco com os pais, assiste um episódio da série favorita e CARAMBA! Já são 23h. Menos uma folhinha do calendário, mais um suspiro: “Deus, eu não tenho tempo pra nada!”
Isso foi em 2007. Penúltimo ano de faculdade, 14 anos a menos na idade. Sem obrigação de trabalho, o cartão de banco ainda universitário, pouquíssimos boletos no meu próprio nome. Filhos? Nem pensar! Deus, como eu tinha tempo para tudo!
Dormir até meio dia virou um sonho distante. Não só porque todo dia a cria acorda às 6h da manhã ou o despertador chama pra trabalhar, mas porque quando nenhum desses chama, o estranho relógio biológico resolve te acordar às 7h em pleno final de semana. Por nada! Ter tempo livre virou, realmente, artigo de luxo. Não necessariamente porque temos carreiras plenamente consolidadas ou filhos aos montões correndo pela sala, mas porque perdemos tempo demais no trânsito, na fila do banco, dentro de nós mesmos, inseguros com a vida – e, infelizmente, pouco sobra para os pequenos. A cultura do ocupado deixou de ser coisa de filme e passou a ser peça mais que presente na vida – seja por escolha própria ou de alguém próximo.
Será que as horas de sol diminuíram? Pode acontecer de o relógio não estar mais rodando na mesma velocidade de antes? Nem parece mais que dormimos, parece que somente piscamos com uma pausa um pouco maior.
Se pudéssemos enxergar o futuro da mesma forma com que conseguimos revisitar o passado, certamente viveríamos a vida com menos urgência e um pouco mais de positividade sobre o tempo. Lembro de todas as vezes que, tempos atrás, achei que não tinha tempo para nada. Hoje, eu torcia para que existisse um banco de horas daqueles minutos que nunca usamos ou desperdiçamos.
Que sempre tenhamos um mínimo de sabedoria no meio do caos para parar, respirar e apreciar os minutos que temos. Eles estão cada dia mais raros, cada dia mais rápidos, cada dia mais intensos. Não voltam. E logo que eles acabam, já estamos sentindo falta. Nada nessa vida deveria ser mais urgente do que, simplesmente… viver.
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Esse conteúdo exclusivo foi produzido a partir de parceria do blog Primeiros Passos com o Espichei, rede materna paterna criada em Brasília e que reúne milhares de famílias em prol de uma maternidade mais consciente, colaborativa e sustentável. Acompanhe esta iniciativa conjunta também nas redes sociais pela hashtag #espicheiprimeirospassos
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